Situação no Brasil e no Mundo

Por Francisco Moreira Júnior


           A 16ª edição da Superliga estabeleceu o recorde de equipes participantes. Ao todo, trinta times disputaram a principal competição entre clubes do Brasil. No masculino, dezessete times lutaram pelo título, enquanto, no feminino, o duelo reuniu treze equipes. Até então, a maior participação havia sido na 14ª edição da Superliga (07/08), com vinte e cinco equipes – quinze no masculino e dez no feminino.
           A Superliga 09/10 marcou o retorno de atletas campeões olímpicos. Giba, após oito temporadas no exterior, retornou ao país para integrar a equipe do Pinheiros/Sky (SP), assim como os também campeões olímpicos Gustavo e Rodrigão. O Sesi-SP também repatriou Murilo, que estava há quatro anos na Itália, e Sidão.
           No feminino, a Superliga 09/10 contou com a volta da ponteira campeã olímpica em Pequim/2008, Jaqueline. A jogadora estava fora do país há três anos, com passagens pela Espanha e pela Itália, e retornou ao Brasil para defender o Sollys/Osasco.
           A Superliga 09/10 também revelou “novos talentos”. Entre eles, o oposto Lorena, do Bonsucesso/Montes Claros (MG). Aos 31 anos, o atacante foi o maior pontuador na temporada, com 699 pontos, e o melhor saque da competição. Lorena, que atuava no exterior, ficou conhecido do público brasileiro por sua força no ataque, e acabou se tornando o jogador que mais pontos fez em uma única edição da Superliga - superando o campeão olímpico em Atenas/2004, Anderson, que tinha 678 pontos atuando pela Ulbra (RS) na edição 00/01.
           Na quinta final seguida, em cinco anos de existência, a Cimed/Malwee (SC) sagrou-se tetracampeã da Superliga masculina. A equipe catarinense venceu o Bonsucesso/Montes Claros (MG) por 3 sets a 0 (25/22, 25/20 e 31/29) e, com o resultado, igualou o recorde de quatro conquistas do Vivo/Minas (MG). Além disso, a Cimed/Malwee também repetiu o feito até então inédito do time mineiro, com o tricampeonato consecutivo.
           No feminino, após cinco vices-campeonatos consecutivos, o Sollys/Osasco conquistou o título Tda Superliga 09/10, no ginásio do Ibirapuera, em São Paulo. O time paulista venceu a Unilever (RJ) por 3 sets a 2, com parciais de 25/23, 18/25, 19/25, 25/13 e 15/12. Foi a quarta vitória do Sollys/Osasco, campeão também em 02/03, 03/04 e 04/05.
           O voleibol foi jogado pela primeira vez nos Jogos Olímpicos em 1927, como parte de um evento especial onde foram apresentados esportes americanos. Apenas após a Segunda Guerra Mundial, todavia, começou-se a considerar a possibilidade de adicioná-lo ao programa das Olimpíadas, sob a pressão da recém-formada Federação Internacional (1947) e algumas das confederações continentais. Para angariar apoio para esta proposta, foi organizado em 1957 um torneio-exibição durante a 53a sessão do COI em Sófia, Bulgária. A competição foi um sucesso, e o esporte foi oficialmente introduzido em 1964, como relatado anteriormente.
           O torneio olímpico de voleibol era originalmente uma competição bastante simples, com formato semelhante ao que é empregado até hoje na Copa do Mundo: cada time disputava uma partida contra todos e o vencedor era aquele com maior número de vitórias ou, em caso de empate, um maior set average ou point average. A principal desvantagem deste sistema - usualmente denominado confronto direto ou round-robin - é que os vencedores podiam ser determinados antes do final da competição, o que fazia o público perder o interesse nos jogos remanescentes.
           Para resolver este problema, a competição foi dividida em duas fases: uma "rodada final" foi introduzida, com quartas-de-final, semifinais e finais. Desde sua criação em 1972, este novo sistema tornou-se o padrão para os Jogos Olímpicos, e é freqüentemente chamado "formato olímpico".
           O número de times disputando os jogos também cresceu em ritmo constante desde 1964. Em 1996, foram 12 participantes em cada uma das duas modalidades (masculino e feminino), e este número tem se mantido constante nas últimas três edições do evento. Cada uma das confederações continentais de voleibol é representada por no mínimo uma equipe nas olimpíadas.
           Brasil, Japão e União Soviética são as únicas nações que conquistaram o ouro tanto no masculino quanto no feminino. O Brasil é o único país que possui o ouro tanto no vôlei masculino e feminino de quadra quanto no vôlei masculino e feminino de praia.
           As primeiras duas edições do Torneio Olímpico de Voleibol foram vencidas pela União Soviética. Medalha de bronze em 1964 e vice-campeão em 1968, o Japão finalmente conquistou o ouro em 1972. Em 1976, a Polônia conseguiu vencer as finais da competição contra os soviéticos em cinco sets bastante disputados introduzindo uma inovação: o ataque do fundo, com o jogador saltando sem tocar a linha de três metros antes de fazer contato com a bola.
           Em 1980, os times mais importantes de voleibol masculino em escala mundial pertenciam à Europa Oriental. Por esta razão, o boicote americano às Olimpíadas de Moscou não teve o mesmo efeito sobre estes jogos do que teria sobre o torneio feminino. A URSS conquistou sua terceira medalha de ouro olímpica com uma vitória de 3-1 sobre a Bulgária.
           Com o boicote de 1984, liderado agora pela União Soviética, os Estados Unidos confirmaram a sua liderança sobre os times do bloco ocidental e conquistaram a medalha de ouro, derrotando o Brasil, nas finais.
           O confronto definitivo entre os líderes do voleibol no Ocidente e no Oriente teve lugar em 1988: liderados pelo atacante Karch Kiraly, os Estados Unidos conquistaram sua segunda medalha de ouro, resolvendo a disputa em favor dos americanos.
Em 1992, o Brasil tornou a despontar como uma potência mundial batendo adversários de peso, como a CEI e os EUA, para obter sua primeira medalha de ouro em esportes coletivos em toda a história dos jogos. Finalista nesta edição, os Países Baixos retornaria em 1996 para uma vitória em cinco sets sobre a Itália
Bronze em Atlanta, a Iugoslávia (atuais Sérvia e Montenegro) sagrou-se campeã em 2000. E em 2004, o Brasil confirmou o seu favoritismo e adicionou ao seu histórico uma segunda medalha de ouro olímpica, batendo a Itália nas finais.
           Em 2008, o Brasil não conseguiu defender seu título perdendo dois jogos: um na primeira fase para a Rússia e outro na final para os Estados Unidos, que foi campeão invicto. Na disputa do bronze a Rússia venceu a Itália mantendo a colocação de Atenas.
           Deste modo, as doze edições do Torneio Olímpico de Voleibol disputadas até o momento foram vencidas por cinco times: URSS (4), Cuba (3), China (2), Japão (2) e Brasil.
           O Torneio Olímpico de Voleibol tem um formato bastante estável. As seguintes regras se aplicam:

• Doze times participam em cada evento.
• O país-sede está sempre automaticamente pré-qualificado.
• Três times classificam-se através da Copa do Mundo.
• Cinco times classificam-se como vencedores de Torneios Qualificatórios Continentais.
• As três vagas restantes são decididas em uma ou mais Qualificatórias Mundiais.

A competição possui duas fases.

           Para a primeira fase, os times são organizados em duas chaves de acordo com Ranking Mundial da FIVB. O país-sede ocupa sempre a primeira posição do ranking. Cada time realiza, então, uma partida contra todos os outros times em sua chave.
           Quando todas as partidas da primeira fase foram disputadas, os quatro melhores times em cada chave qualificam-se, e os outros dois deixam a competição.

           Na segunda fase, os times disputam quartas-de-final, semifinais e finais. As partidas são organizadas de acordo com os resultados obtidos na fase anterior, segundo o modelo que é hoje conhecido como "cruzamento olímpico". Sejam os quatro melhores times em cada fase A1, A2, A3, A4; B1, B2, B3, B4. As quartas-de-final seriam então: A1xB4; A2xB3; A3xB2; A4xB1.
Os vencedores das quartas-de-final disputam do seguinte modo as semifinais: (A1/B4) x (A3/B2); (A2/B3) x (A4xB1).
 
           Nas finais, os vencedores das semifinais disputam o ouro, e os perdedores, o bronze.

           As regras para a convocação de atletas são bastante rígidas. Cada time só pode indicar doze atletas, e trocas fora dos prazos legais não são permitidas nem mesmo no caso de acidentes.